31 de outubro de 2006

Peek a boo - Siouxie and The Banshees

A composição desconcertante de Peek a boo e a sempre expressiva e dominadora interpretação de Siouxie tornam aquela obra de um grupo sobrevivente do punk inolvidável e marcante.

Para os aficionados de filmes Série B e de Terror, fica a menção de que esta música integra banda sonora de Jeepers Creepers, onde, aliás, tem um papel importante na intriga.



The Ghost Song/The Changelling - The Doors

Depois do falecimento de Jim Morrison, os seus companheiros nos The Doors musicaram American Prayer recitado pelo seu autor.
Toca-me especialmente esta The Ghost Song e a aparente serenidade (ou desilusão) da declamação de JM.
The Ghost Song, talvez o fantasma ou o espírito de JM, revelando-se poeta a tempo inteiro...na paz que alcançou!

P. S.: como bónus, não posso deixar de referenciar uma das minhas canções preferidas de JM e dos The Doors - The Changeling, do álbum LA Woman!


The Ghost Song - The Doors The Changelling - The Doors

End Adjourn - 3Angle

Os 3Angle são um grupo português oriundo do Porto formado por Carla Oliveira, Fernando Rodrigues e Rodolfo Cardoso, sendo ainda relativamente desconhecidos do grande público.

O seu grande cartaz de apresentação foi este End Adjourn que, há uns tempos, passava frequentemente pela Antena 3 e que constitui um bom exemplo de como uma música pop pode ser bem construída. Ouvir este tempo constitui um momento bem passado.




30 de outubro de 2006

Elephant Stone/Love Spreads - Stone Roses

Continuando pela onda de Madchester, que dizer dos fugazes Stone Roses? O principal rosto do movimento ascendeu de forma tão célere ao topo como se desvaneceu...no entanto deixou para a posteridade algumas notáveis obras de mad pop como Elephant Stone ou o mais rock Love Spreads. Muito me balancei ouvindo estes tipos...

Kinky Afro - Happy Mondays

No final dos anos 80/inícios dos anos 90 desenvolveu-se em torno da cidade de Manchester, Inglaterra, uma corrente musical alternativa que foi designada por Madchester, em face daquela proveniência geográfica.


Bandas como os Happy Mondays, os Stone Roses, os The Charlatans ou os Inspiral Carpets tocavam incessantemente pelos clubes britânicos que inudavam com um forte e dançante ritmo muito próprio - e hoje vulgarizado - que não deixava ninguém indiferente.


Recuperar Kinky Afro é, no fundo, voltar aos meus 15/16 anos e a uma época em que ouvir aquelas músicas era dar um salto em frente em busca de novos horizontes do som.


26 de outubro de 2006

Aikea-Guinea/Crushed/Carolyn's Fingers - Cocteau Twins

Entrar no Universo Cocteau Twins é, indubitavelmente, experimentar um pedaço de Céu...
A envolvência dos sons, os efeitos das guitarras e a voz que faz sonhar de Elizabeth Fraser colocam-nos momentaneamente à deriva no Paraíso!

Confesso que gosto bastante mais das obras contidas nos primeiros álbums, especialmente em Garlands, Treasure e Victorialand, do que as aqui indicadas. Não obstante, serão suficientes para caracterizar os seus autores e intérpretes como os expoentes do dream pop.

25 de outubro de 2006

Tango - Throwing Muses

Liderados por Kristin Hersh, os Throwing Muses encontram no seu curriculum o facto de terem sido a primeira banda norte-americana a assinar um contrato com a prestigiada 4AD.
Kristin Hersh assumiu desde a fundação da banda o encargo da autoria das letras e músicas, secundada até ao início dos anos 90 pela sua meia-irmã Tanya Donelly (mais tarde integrante dos Belly e Breeders, nestes juntamente com Kim Deal, dos Pixies).
Throwing Muses é uma extensão de uma dimensão da personalidade de Kristin que, para além deste projecto, se revela a solo e nos mais pesados 50FOOTWAVE.
Tango é um dos melhores exemplos do talento de Kristin em transformar simples acordes em músicas completas transparecendo confiança.
Respeito imenso a sua obra.



Only Shallow - My Bloody Valentine


O equilíbrio conseguido entre a suavidade da voz e da melodia e a agressividade das guitarras distorcidas em Only Shallow chamou-me a atenção para este grupo entretanto desaparecido...
Os My Bloody Valentine são um dos expoentes do Noise Pop da década de noventa, criando um espaço de musicalidade muito próprio que sucumbiu perante os números desfavoráveis calculados pela editora e perante o tempo...
Porém, pelo menos para mim, Only Shallow permanece intemporal.

Sibelius - Concerto para Violino - 3.º andamento

O Incontinental apresentou-me um dia Jean Sibelius, um finlandês brilhantemente neurótico.
Ouvir o terceiro andamento do Concerto para Violino é uma fascinante odisseia mental de descoberta dos limites de uma mente perturbada e, talvez por isso, cristalina e empolgante.


Vale a pena ouvir...

Man Size/Rid of me - PJ Harvey

Polly Jean Harvey é, indubitavelmente, a par de Kristin Hersh, uma grande senhora do rock alternativo.
Considerada por muitos como a Patti Smith dos anos noventa, PJ sempre soube transpor para os acordes da sua guitarra parte da sua forte personalidade, tornando-se dominadora e poderosa, não obstante a aparente fragilidade de quem canta para multidões...e que pode surpreender quem a conheça apenas do excelente duo com Nick Cave em Henry Lee.
Mas não, ela é verdadeiramente forte...uma sevilhana indie que usa a distorção em vez de castanholas.

Leg - Bettie Serveert

Tinha eu 17 anos quando na RUC - Rádio Universidade de Coimbra abudantemente tocavam quase todas as músicas de um álbum de uma banda holandesa que, estranhamente, só era reconhecida no Benelux e nos Estados Unidos, onde chegaram a ser uma verdadeira banda de culto entre os universitários. A banda chamava-se Bettie Serveert, o album, Palomine.
Este é um dos casos em que o expoente da carreira musical é o disco de estreia. Músicas como Brain Tag, Leg ou Palomine, em que a vocalista Carol von Dyk deixa prolongar a alma pela sua voz doce e melódica, a fantástica cover de Healthy Sick, dos Sebadoh, ou os mais vulgarmente apreciados Tom Boy e Kid's Allright, constituem marcos indeléveis da música indie holandesa e que se tornam difíceis de esquecer assim que verdadeiramente apreciados.
Após a subsequente e extensa tourné pelos Estados Unidos, em que tocaram juntamente com os Dinosaur Jr, Buffalo Tom, Jeff Buckley ou Belly, os Bettie Serveert lançaram álbuns como Log 22, Dust Bunnies, Lamprey, Private Suit, Attagirl e o mais recente Bare Stripped Naked (sem esquecer o tributo aos Velvet Underground, Bettie Serveert plays Venus in Furs) sem que tenham conseguido concretizar novamente aquela tenra mas excelente e crua inocência musical característica do seu inovidável primeiro trabalho que ainda hoje se ouve como se em 1992 nos encontrássemos.





Song to the siren

Song to the siren para iniciar as minhas revelações não foi uma escolha...foi uma obrigação!
Esta é daquelas canções que se entranham verdadeiramente.
Pela sua simplicidade extasiante; pela sua paz melodiosa mas intrigante; pela interpretação sentida quer do seu (co-)autor (a letra, porém, é de Larry Beckett) e primeiro executante, o saudoso Tim Buckley, poeta e trovador, quer pela mais-linda-voz-feminina de Elizabeth Fraser, dos Cocteau Twins, aqui concretizando o projecto do senhor Ivo Watts-Russel, da 4AD, This Mortal Coil; quer pela força do poema que aqui deixo.

"On the floating, shapeless oceans
I did all my best to smile
til your singing eyes and fingers
drew me loving into your eyes.
And you sang "Sail to me, sail to me;
Let me enfold you."
Here I am, here I am waiting to hold you.
Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?
Now my foolish boat is leaning,
broken love lost on your rocks.
For you sang,
"Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?
Hear me sing: "Swim to me, swim to me, let me enfold you."
"Here I am. Here I am, waiting to hold you."


Seguramente, um dos mais fortes hinos à beleza melancólica que por vezes caracteriza o amor...

O lado B ...

Há sempre um pouco de nós que fica por revelar... que só se transmite aos mais intímos...que não é perceptível pela perfunctória percepção dos nossos comportamentos, dos nossos gostos exteriorizados.
Este blog é uma pequena revelação do meu lado B musical, das músicas ou das canções que mais me dizem, e que dessa forma me compõem...
A complexidade da personalidade de cada ser - e, neste caso, a minha em particular - levará a que os gostos revelados nem sempre digam respeito ao mesmo estilo ou mensagem musical...mas existir é isso mesmo: um conjunto de pequenas incoerências que devem ser equilibradas!

Ouço música, logo existo!